Família quilombola transforma horta em referência de produção orgânica em Garopaba

Iniciativa no Morro do Fortunato alia cultivo orgânico, merenda escolar e cafés comunitários, fortalecendo a conexão com o território.

 

Foto: Família Machado/Eduardo Zappia

A família Machado, da comunidade quilombola Morro do Fortunato, em Garopaba, transformou uma horta iniciada pelo patriarca em um projeto de resgate cultural, produção de alimentos orgânicos e geração de renda. O trabalho começou há mais de 20 anos e, há uma década, ganhou força após as irmãs Ana Paula e Ana Maria deixarem o emprego como domésticas para se dedicarem ao cultivo ao lado do primo Everton, padeiro de profissão.

Segundo os agricultores, a horta hoje é certificada pela Rede Ecovida e fornece hortaliças, feijão, milho, amendoim e aipim (mandioca) para consumidores locais. A comercialização acontece três vezes por semana no mercado do produtor de Garopaba e também por meio do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), que garante o fornecimento para a merenda da rede municipal.

“Agora a gente só trabalha na horta, produzindo não só hortaliças, mas feijão, milho, amendoim, aipim, produtos saudáveis, livres de agrotóxicos. Para a gente é muito importante saber que estamos plantando comida saudável, que os clientes estão levando para casa um produto que não causará doenças e as crianças recebendo os verdinhos na escola, isso não tem preço”, afirmou Ana Paula Machado.

A atividade se expandiu e passou a incluir experiências voltadas ao turismo. A família organiza cafés da tarde mensais no deck construído na propriedade, de onde é possível avistar a plantação e o mar. O espaço também é alugado para eventos particulares, mediante reserva pelas redes sociais do empreendimento.

De acordo com os moradores, o projeto fortalece o vínculo da comunidade com o território, atualmente em processo de regularização fundiária pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), que já elaborou o Relatório Técnico de Identificação e Delimitação (RTID). “No começo todos plantavam muito, viviam do que plantavam e com o tempo a comunidade foi crescendo e as pessoas buscando trabalho fora. Com a terra garantida e incentivo, eles vão ter mais oportunidade de plantar e ficar aqui”, destacou Ana Machado.

Para a comunidade, o trabalho da família exemplifica como o manejo sustentável do solo pode beneficiar tanto os moradores locais quanto consumidores da cidade, ao oferecer alimentos livres de agrotóxicos e fortalecer a identidade quilombola.

Com informações do Gov.br

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